Gratidão: por que é tão importante?

Precisamos aprender a agradecer. Sentir gratidão é perceber, expressar e apreciar algo de bom. É uma atitude de reconhecimento e apreço. Reconhecer que algo bom nos aconteceu, que a vida nos é generosa, sem necessariamente termos merecido.

Não devemos menosprezar esse favor da fortuna; devemos gratidão aos talentos ou dons que possuímos, pela só razão de termos nascido com eles. Todo mundo tem um dom. É sorte. A gratidão remedeia a vaidade, por nos ensinar que o esforço pessoal pode conviver com a boa ventura.

Assim, ela nos torna mais humildes e conscientes, é fonte de paz e serenidade. Ela conforta, traz segurança e bem-estar. Tornamo-nos mais equilibrados.

De certa forma, ela nos ajuda a alcançar a felicidade, não só por nos tornar mais motivados, mas também por nos tornar mais satisfeitos. Reconhecemos os vários pequenos momentos da vida que nos trouxeram até aqui — satisfação — e nos apercebemos de que a felicidade não é um fim, mas um meio. Então, encontramos força para continuar, para viver e medrar, vencer e prosperar — motivação e esperança.

A gratidão alimenta a coragem, aumenta a atenção e melhora o foco. Desenvolvemos uma visão mais clara de nossas metas e prioridades. Nos tornamos íntegros. Crescemos.

Você já se sentiu feliz e energizado, após se surpreender com um telefonema de alguém especial? Um velho amigo? Talvez o seu pai, sua fonte de proteção? Sentiu, depois dele, uma doce disposição a persistir, por, de repente, perceber que a realidade não era tão sombria quanto imaginava? Esse alento reconfortante é o pulsar da gratidão.

Ela revela o poder do pensamento, pois provoca uma verdadeira mudança de humor, de estado de espírito, diminui o estresse, melhora a saúde, reduz a ansiedade tóxica que nos paralisa.

Penso que o oposto também acontece: quando somos felizes, sentimo-nos propensos a expressar gratidão. Quanto mais valorizamos os aspectos positivos da vida, mais gratos nos tornamos. Logo, tendemos a alcançar mais resultados positivos, pois a gratidão é uma forma de força interior. Entramos num círculo virtuoso, que reforça nossa própria identidade.

Note o efeito da gratidão: ela beneficia não somente aquele que a manifesta, mas também aquele a quem é manifestada. Logo, gera reciprocidade, e a motivação se manifesta em todos os envolvidos, elevando o sentimento de cooperação entre pessoas. Ela fortalece a coesão social.

A gratidão, portanto, tem papel importante no progresso, por alimentar as trocas.

A própria existência humana deveria ser um bom motivo para a gratidão. Recebemos muitas bênçãos que nossos ancestrais não receberam, por viverem num mundo muito mais difícil, cruel e impiedoso que o nosso. Eis aqui outro ponto importante: ser grato não é só reconhecer que coisas boas nos aconteceram, mas reconhecer que elas poderiam ser piores. Bem piores.

O imprevisível pode manifestar-se a qualquer tempo. Não raras vezes, coisas ruins acontecem a pessoas boas. Observe a história de Jó. O que tem a ensinar-nos acerca da gratidão? Nem eu, nem você é o centro do universo. Óbvio, não? Mas nem todos entendem isso.

A dor que sofremos nem sempre é punição, querido leitor; não somos tão importantes assim, diante dos mistérios do Universo, acredite. É preciso humildade para compreender isso. Como disse Deus ao inconformado Jó: “Onde estavas tu, quando eu lançava os fundamentos da terra?” (38:4). Quão pouco sabemos!

Agora, pense por um instante em quantas coisas terríveis poderiam ter-lhe acontecido? O que lhe diriam as pessoas que viveram esses horrores? Que suas preces (suas, leitor) foram atendidas, certamente. Por isso, tenha humildade e expresse gratidão pelo que foi bom, pelo que não foi bom e poderia ter sido pior, pelo que poderá ser melhor. Afinal, deveríamos fitar a imensidão e a variedade da natureza e, compreendendo nossa insignificância diante da eternidade, aprender a agradecer. Sempre.

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