Rutger Bregman, “Humanidade”

Em tempo de guerra, recomendo um livro que é um alento à nossa fé na natureza humana: Humanidade. Obra espetacular do jovem holandês Rutger Bregman.

Escrito com alma e coragem por um historiador inspirado e argucioso, esse livro vai contagiá-lo com a fé no ser humano. Em boa hora, não? Hobbes ou Rousseau? O homem é naturalmente mau? Ou os homens são bons por natureza?

Antes que me responda (até imagino a resposta), vou-lhe contar uma história. Você já ouviu falar da trégua de Natal de 1914, durante a I Guerra Mundial? Essa é uma das passagens do livro que mais me emocionaram.

Na noite de Natal de 1914, o alto comando britânico recomendava vigilância especial nas linhas de frente, ante a um provável ataque dos alemães. Todavia, nas trincheiras perto de La Chapelle-d’Armentières, "luzes se acendem, uma depois da outra. Lanternas e tochas, e… árvores de Natal?" É quando se ouve: “Stille Nacht, heilige Nacht”. Soldados alemães entoam uma canção natalina! "Nunca antes uma canção de Natal soou tão linda", declarou um soldado.

Em seguida, soldados britânicos começam a cantar. Os alemães aplaudem-nos e contra-atacam, com outra canção. Assim, os "cantos se alternam por algum tempo, até finalmente os dois inimigos cantarem juntos, em latim". Segundo um fuzileiro, foi extraordinário observar os dois países cantando a mesma canção, em meio àquela guerra devastadora.

Na manhã seguinte, soldados saíram das trincheiras, passaram pelo arame farpado, cumprimentaram-se, comemoraram como uma grande torcida de futebol, trocaram presentes, conversaram, riram e até se fotografaram.

No norte da França, […] os lados opostos se juntaram para a cerimônia de um sepultamento. 'Os alemães se perfilaram de um lado, os ingleses, do outro, com os oficiais na frente, todos com a cabeça descoberta' […] Naquela noite, há festa de Natal dos dois lados do front.

Reflita: a quem interessam as guerras?

Em meio às trevas, não deixe jamais de buscar a luz.

Boa leitura!

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